Em vossas mãos, ó meu Deus, eu me entrego. Virai e revirai esta argila, sicut lutum in manu figuli (Jeremias 18, 6), como a vasilha que se modela nas mãos do oleiro. Dai-lhe forma; e em seguida despedaçai-a, se assim quiserdes; ela vos pertence, e nada tem a dizer. Basta-me que ela sirva a todos os vossos desígnios e que em nada resista a vosso divino beneplácito, para o qual eu fui criado. Pedi, ordenai; que quereis que eu faça? que quereis que eu deixe de fazer? Exaltado ou rebaixado, perseguido, consolado ou aflito, utilizado em vossas obras ou sem para nada servir, a mim não resta senão dizer, a exemplo de vossa Mãe Santíssima: “Seja feito segundo a vossa palavra”. Concedei-me o amor por excelência, o amor da cruz, não destas cruzes heroicas cujo esplendor poderia nutrir o amor próprio, mas destas cruzes ordinárias que nós carregamos, ai de nós, com tanta repugnância, destas cruzes de todos os dias, com as quais a vida está repleta e com as quais nos deparamos a todo moment...