É por graça de Deus que
escrevo.
Neste mês do meu
aniversário, gostaria de partilhar com vocês que na vida existem lembranças que
não gostamos de lembrar, outras que temos o prazer de lembrar, e outras quais
seremos eternamente gratos a Deus porque mudaram para melhor o rumo da nossa
vida, da nossa história.
Foi em um dia comum,
mais ou menos, outubro de 2009. Eu já estava a mais de quatro anos mergulhada
numa tristeza tão forte que dominava o meu olhar e não me deixava erguer a
cabeça. Eu tinha muita mágoa de algumas pessoas, e muito mais mágoa de mim
mesma. Não me conformava ter perdido minha mãe em 2005, de forma tão de
repente; e odiava a mim mesma porque se soubesse a teria amado muito mais,
teria passado mais tempo ao seu lado, teria sido muito mais obediente, teria
dado a vida se preciso, pra ver sempre seu sorriso, mas não foi o que eu fiz.
Vivia com vontade de morrer, mas, desistir, seria covardia demais.
Egoísta na minha dor, e
pensando ser a pessoa mais infeliz do mundo, fui me afundando aos poucos.
O dia em que tudo
começou a mudar: certa manhã, percebi que estava sozinha em casa. Minha alma
estava pesada, sentindo falta de Deus, ao mesmo tempo em que sentia-me indigna
da Sua presença; eu pecadora demais, Ele o Santo dos santos.
Então liguei a TV e
caiu num canal católico, e estava passando um programa onde havia algumas pessoas em oração e um sacerdote que dizia mais ou
menos assim: “Você que está aí na sua casa, diante da TV, você se acha indigna
de se aproximar de Deus, você se culpa diariamente pelos erros que cometeu e
não consegue abrir seu coração para o amor Dele; mas eu quero ler pra você essa
passagem: “Respondeu-lhes Jesus: Não são os que estão bem que precisam de
médico, mas sim os doentes; não vim chamar os justos, mas os pecadores”. Vê
minha irmã, foi pra você e por você e por cada um de nós que Jesus veio e deu a
Sua vida. Te convido neste momento a olhar para a imagem do Cristo crucificado,
veja o que Ele fez por amor a você, deixe-se ser amada por Jesus”.
Nessa hora, em que olhei pra imagem de Jesus na cruz me prostrei
de joelhos no chão e chorei um choro libertador. Comecei a pedir perdão a Deus
por tanto tempo que passei me sentindo só, enquanto Ele estava ali. O quanto
desprezei Seu amor, sem perceber que era Ele quem me segurava e chorava comigo
a minha dor. E falei pra mim mesma: apartir de hoje eu não quero mais ser uma
derrotada, apartir de hoje eu vou fazer de tudo para agradecer esse amor de Deus por mim! Jesus mostra que a forma de fazer isso, é tratando o meu próximo como Jesus me trata: perdoar porque Jesus me perdoou; ter misericórdia, porque Deus teve misericórdia de mim, e assim por diante.
É amor demais!
Constrange-me e emociona esse amor de Jesus que não mereço. Jesus me tirou das
trevas, e sinto extrema necessidade de deixar transbordar Sua luz.
Verdadeiramente Jesus é meu Salvador e Senhor.
Hoje, quase cinco anos
depois, possa afirmar que Deus veio me reconstruindo através de pessoas que o
amam e buscam resgatar Seus filhos. Sou eternamente grata a esses amigos que
são amigos de Jesus. Músicas, livros, filmes, palestras, sermões, adoração ao Santíssimo sacramento, confissões, e muitos outros foram os instrumentos que
Deus usou (e está usando) para transformar totalmente o meu ser. Tudo isso é graça e poder
de Deus, por isso a Ele toda honra, toda a glória e todo o louvor!
Não tenha medo de deixar-se ser amado por Jesus!
Tarde demais eu te amei!
Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!
Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.
Estavas comigo, mas eu não estava contigo.
Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.
Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.
Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira.
Aspergiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.
Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz…"
(Santo Agostinho)
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"Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna". (João 3,16) |
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